quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Crónica - Rendez-vous

Quando ele entrou na carruagem, de imediato, reconheceu aquelas feições. Familiares, literalmente. Tinha um ar ainda mais pesado, ainda mais desgastado, ainda mais denso, impenetrável. Com efeito, não o via há já bastante tempo. A última vez tinha sido no Natal de 2002, ele tinha lhe levantado a mão e gritado para nunca mais lhe aparecer à frente... Assim o fez, mudando inclusivamente de cidade e afinal, é ele quem lhe aparece à frente. Mas ele não a viu. Ia concentrado nuns papéis quaisquer.

Mas seria possível? Encontrá-lo logo ali? Nesta altura? Quais as probabilidades?
Debatia-se nos seus pensamentos e memórias sem sequer pensar em agir e, quando deu por si, ele já tinha ido. Ainda apanhou as portas abertas, correu para a gare, agora já vazia, onde ecoou: Pai!!


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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Crónica/ True Story - 6º

De repente, a minha vista detém-se num sr. acamado, junto à janela, numas águas furtadas, na Sampaio Rodrigues. O casebre onde vive, mais parece ter sido construído no terraço daquele mamarracho, mesmo ao lado do hotel Excelsior. Vejam bem, com a janela aberta com este frio. Bom, se não tivesse a janela aberta também não o teria avistado, mas coitado, estão 6º lá fora! Se calhar deixaram-no assim, a ver se morre de frio, coitado. Vive uma pessoa uma vida de sofrimento para acabar assim, ao frio, coitado!
Mas esperem... Eis que ele se levanta... Não, não esperem! ELA! Afinal é uma "ela"! E, no seu robe azul, sem dificuldade, vai até à varanda, apaga o cigarro, volta para dentro, fecha a janela e torna a meter-se na cama! Ai ai ai ai ai!

Bom, enfim, para quê viver se não corrermos alguns riscos?

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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Crónica - 16.30h - 17.15h

Deitou-se na chaise longue e desatou a soluçar. Grossas e copiosas lágrimas corriam, em fio, pelo seu rosto terminando no veludo verde escuro que forrava a poltrona. Aí, eram recolhidas por aquela esponja tão salgada quanto o Mar Morto, de tanto choro absorvido. Um silêncio inerte reinava, interrompido, apenas, a cada segundo, pelo tick-tack de um relógio branco na parede. Lá fora, um radioso e aconchegante sol de Maio, e o riso das crianças, ao longe, teimavam entrar pela janela. E soluçava, soluçava. Ouviu-se um telefone tocar, abafado, dentro da mala. Ouviu-se uma mensagem a chegar, abafada, dentro da mala. Por esta altura, o veludo verde mais lembrava a escuridão das paisagens de Goya tantas eram as manchas mais escuras de água salgada que jorravam daqueles olhos. Tomara que o tempo também escorresse àquela velocidade. Aqueles 45m. custam tanto a passar mas finalmente eram 17.15h. "Bom, então até para a semana!" - disse o psiquiatra.

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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Crónica - Carpe Diem

"Proibido Fumar" dizia o letreiro. Ignorando o sinal e a sua asma, acendeu um cigarro. Podia ser o seu último. De imediato, lhe ofereceram um whisky e, delicadamente, lhe pediram para apagar o cigarro. Delicadamente, respondeu que não. Mas aceitou o whisky...podia ser o seu último. Depois, ligou o laptop e, na ausência de headphones, partilhou o áudio do seu filme favorito com todos os presentes. Aborreceu-se e começou a desfolhar uma revista feminina, fazendo comentários "desagradáveis" alto e bom som. Quando se levantou para ir ao wc olhares aliviados cruzaram-se com olhares revirados "Homenzinho insuportável!", "É preciso mesmo não se ter respeito nenhum!".
A seguir, pediu um cozido à portuguesa, o seu prato de eleição. Não tinham, obviamente. Desculpando-se, tentaram seduzi-lo com uma sandes de carne assada "Olhe lá, que são muito apetitosas!", em vão. De repente, o chão estremeceu e, apavorado, largou a gritar. A seguir, o avião despenhou-se. . .

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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Crónica - Um egoísmo altruísta

A Maria chegou mais tarde. Ainda teve de fugir, estrategicamente, de um encontro "Aii o meu sobrinho está no hospital. Ligo-te depois". Nunca ligava. Mas todos tinham respondido ao meu SOS. Até o Afonso, que não se deixava ver há meses, se descolou dos relatórios e dos gémeos e apareceu. Os gémeos já tinham 2 anos e hoje ficaram com a avó. Ficaram com a avó mais de uma semana porque ele aceitou a missão de dogsitting, com os 4 cães da Guida, enquanto ela foi descobrir o namorado, em Paris, com outra.
O Afonso é daquelas pessoas que não conseguem dizer que não. É como eu. Adorava ser menos altruísta e conseguir dizer um redondo NÃO, quando não posso mais. Mas não consigo.

O assunto exigia seriedade e todos o entenderam pelo tom da minha voz, na convocatória. Por isso, todos compareceram. Reunidos, anunciei que ia abandonar toda a vida pessoal e profissional que havia, até então, construído, onde todos se incluíam, para de forma pseudo-definitiva e altamente altruísta me mudar, pseudo-definitivamente, para África. "Nigéria, mais concretamente".

"Endoideceste??", "Queres apanhar malária?", "Tu nem podes ver uma aranha!","E a tua carreira?", "Sim, não foste promovida há 3 meses??", "Para que achas que te querem lá?", "E o João?", "E a tua mãe??", "Com quem vou almoçar às quartas?"
Apesar de toda a "preocupação" dos meus amigos não me senti nem um pouco demovida nas minhas convicções. Precisavam lá de mim, e eu ia. Mas deixava cá tanta coisa...
Liguei para a instituição de voluntariado: "Desculpe, mas não consigo!". E não fui. Até hoje...


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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Crónica - Saber bem, saber mal

Esfregava os degraus das escadas incessantemente. Esfregava com quantas forças tinha. Esfregava com quantas forças lhe restavam. Esfregava como se limpasse a sua própria alma.
"Oh mulher 'tou t'ouvir a esfregar essas escadas há mais de hora e meia! Tá sujo de quê que custe tanto a sair??" -
"Nada, nada. Só uns pingos de tinta das obras dos do 3ºA. Não têm cuidado com nada!"
"Ai mas 'tão a pintar o quarto de vermelho? Parece coisa sei lá de quê!"
Conhecia a vida de todos os inquilinos do prédio, como boa coscuvilheira que era. Ironicamente seria a coscuvilhice que a poria naqueles trabalhos.

Mas ali sabia-se tudo. O que se passava no 3ºB rapidamente passava para o 2ºB de onde escorria para o 1ºB e dali para a porteira. Esta encarregava-se de espalhar pelo resto do edifício. Fosse que o marido da do 4ºE tinha chegado bêbado, ontem "Que grande desplante!", fosse que a filha da do 1ºC andava com um "larápio" que passava "Ai esta juventude onde irá parar", fosse que a do 4ºB tinha sido despedida "Sabe-se lá porquê" "Mas coitadinha, isto está tão mal", fosse que a empregada da do 2ºA andava a roubar pratas e meias que "Isto já não se pode confiar em ninguém", fosse que a do 3ºD tinha um amante "E veja bem, 20 anos mais novo!"...Pelos corredores daquela escada tudo se sabia e comentava.

Mas a coscuvilhice que alimentava aquela porteira havia de a levar até à porta do 2ºE, havia de a levar a assistir àquela discussão, havia de a levar a tentar acalmar aquela exaltação, havia de a levar a relembrar um velho quadro, havia de a levar a partir do vaso da palmeira da entrada na cabeça daquele "cobarde", havia de salvar a vida àquela namorada, havia de matar aquele "ignóbil", havia de sujar, para sempre, aquelas escadas.
Esfregava os degraus incessantemente...tentando ocultar o inocultável, naquele prédio onde tudo se sabia e comentava...

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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Crónica - A Insígnia

"JOANA!" - ecoou a voz dele, como se quisesse cravar o nome dela nas paredes húmidas e bolorentas - "Responda só ao que lhe perguntei!"
Ela contorcia-se na cadeira, cruzava e descruzava as pernas, torcia e contorcia os dedos sobre o colo, sobre a saia azul escura de pregas...Sempre tinha odiado aquela farda, camisa branca, imaculadamente engomada, meias puxadas até ao cimo da canela, lacinho de cetim ao pescoço... Sempre tinha odiado fardas. Facto que mudaria três anos mais tarde quando se enamoraria de um soldado da Infantaria. Mas isso ela ainda não sabia.

Agora, estava ali, perante aquele homem austero e resoluto, com o dobro do seu tamanho, olhos azuis penetrantes como dois glaciares afiados, na lapela usava uma série de pins cujo significado ela ignorava, e vestia sempre o mesmo fato castanho no Inverno e o cinzento, no Verão. Aquela figura inspirava verdadeiro temor reverencial. As rugas que sustentavam o seu semblante pareciam estar ali desde a sua juventude. Sabia-se que era a favor do "outro" sistema e que tinha sido preso depois da Revolução. Agora, dirigia aquele colégio a pulso de ferro. Podia ter sido bonito, este homem, mas o seu espírito dizimava qualquer sinal exterior de beleza. De certa forma, lembrava-lhe o seu avô que não conhecera senão em fotografias muito antigas, de outros tempos e outras eras. "Era um homem sério!" - diziam-lhe. Para ela, nem podia ser de outra forma já que em nenhuma foto lhe vira o sorriso.
"JOANA, RESPONDA-ME!" e o tempo parecia suspenso na tensão entre as duas criaturas. Ela então, limpou à saia o suor das mãos, levantou-se e disse, por fim "Sim sr., fui eu! Eu fiz a cruz suástica na sua estátua, do pátio".


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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ao Kevin (e a todos os que já tiveram um melhor amigo)

Faz, hoje, 6 meses desde que partiste. Hoje, dia 6, desde que entraste naquela clínica veterinária e já não saíste. A mesma clínica onde tínhamos ido, de urgência, uns meses antes, quando começaste com os sintomas. A mesma clínica onde tivemos de ir, todos os dias, nos dias seguintes. À porta, enquanto esperávamos, aquela velhota sentenciou-te logo: "o meu cão morreu disso"!

Hoje, passados 6 meses, continuo a entrar em casa de olhos postos no chão, à espera que apareças; continuo a deixar um restinho de pão ou de fruta para que tu devores sem sequer cheirares; continuo a achar que às 19h te tenho de ir passear; continuo à espera que, a cada manhã, estejas deitado, como sempre, aos pés da minha cama; continuo a olhar para os teus brinquedos certa de que não brincámos o suficiente; continuo a chamar-te quando me sinto triste...

Mas sempre foste tão independente e fiteiro, tão teimoso e manipulador, tão ciumento e fiel, tão desobediente e lutador, tinhas tantas manhas e manias...e apenas não gostavas de ficar sozinho! Fechar-te na cozinha significava Noite de St. António - expressão utilizada pelos meus pais para noites sem dormir - raspavas a porta incansavelmente, saltavas, uivavas desesperado até que alguém te ia abrir a porta e tu saías airoso ou, por outras, o meu pai ia lá pôr-te na ordem porque "cão é cão".
Mas era espantoso como entendias tudo o que dizíamos, como sabias sempre quando estávamos a falar de ti, como sabias sempre quando íamos sair e ficavas sozinho, como sabias sempre quando tinhas feito disparate e te ias esconder atrás da minha mãe, como eras corajoso e pateta por rosnares a qualquer cão com o dobro do teu tamanho, como ladravas, furioso, a qualquer alminha que se aproximasse do portão, como eras apaixonado por maçã; como, só com o olhar, conseguias tudo aquilo que querias, fosse comida, ir à rua, ou dormir no sofá novo; como gostavas que estudasse em voz alta para ti, como te apercebias dos momentos de tristeza e alegria e conforme estes te comportavas...

Faz, hoje, 6 meses desde que partiste, desde que te fiz a última festinha e te dei o último beijo. Fisicamente, claro.
"Um cão nunca abandona o dono. Mesmo que não te veja, sei que estás aí: é quanto me basta"*


"Não era um cão como os outros. Era um cão rebelde, caprichoso, desobediente, mas um de nós, o nosso cão, ou mais que o nosso cão, um cão que não queria ser cão e era cão como nós"
*Manuel Alegre, 'Cão como nós'

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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Crónica - O presente insuficiente

Nota introdutória - Meus amáveis leitores, devido ao facto da realidade não acompanhar a minha necessidade de escrita pretendo passar a escrever algumas short-stories fictícias. Assim, informo-vos de que pretendo escrever uma crónica semanalmente (não é uma promessa) e preferencialmente às quintas-feiras (não é uma promessa). Não será, então, anunciada nos veículos normais de comunicação como os outros posts...sei que vocês são fiéis, quinta-feira , aqui.

Era uma sexta-feira chuvosa de Novembro. Ela nem queria acreditar quando a secretária entrou com mais um maço de 7cm de altura, de relatórios. Passava pouco das 18h. Já passava pouco das 18h. E ele à espera. Conseguiu despachar todo o trabalho como melhor e mais rápido conseguiu mas mesmo assim já passava das 19.45h quando apagou a luz e fechou a porta do gabinete. E ele continuava à espera. Correu para o carro, ignorando as gotas grossas e frias de chuva no seu rosto bem maquilhado, agora esborratado.
A hora de ponta e o trânsito infernal, com os seus acidentes, buzinadelas, gestos ofensivos e pára-arranca, detiveram-na por bem mais de uma hora. Na rádio, os Pretenders cantavam I'll stand by you. E ele, triste, à espera, sem saber o que pensar.
Finalmente travou o carro, desligou o rádio e as luzes e, esticando o braço para o banco de trás, puxou um pacote embrulhado que acabaria por se ensopar na corrida, à chuva, que teve de fazer do carro até ao edifício . Subiu ao 8ºandar, tentando recompor-se no elevador. Bateu à porta, entrou, e ali estava ele, a um canto, com os olhos brilhantes de choro que logo se iluminaram quando a viram. Correu para ela... "Desculpa filhote...Parabéns!" - disse, estendendo o embrulho ensopado.

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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

"A Fábrica de Balões"

Questiona-se o caro leitor sobre o que andaria eu a fazer, em casa, pelas 17h... Pois não terei outro remédio senão responder, já que provoquei a questão. Ora, hoje, pelas 16.30h, encontrava-me no quintal, com todo o estaminé montado, determinada a terminar um quadro começado há, possivelmente, mais de um ano. Intitula-se "A Fábrica de Balões" e simplesmente não o consigo terminar. Podia muito bem chamar-se "O quadro interminável".

Tenho a sensação de que quanto mais o pinto, pior ele fica. A verdade é que, nas minhas pinturas, aplica-se rotundamente aquele princípio de alta-costura: nunca coloques a última coisa que queres colocar. Ou, no meu caso, nunca pintes a última coisa que pretendes pintar. Nos meus quadros abstractissímos, então, deveria ser lei fundamental!


Mas torna-se um pouco difícil saber que aquela é a última coisa a pintar, aliás, geralmente torna-se a última porque simplesmente acabo de estragar o quadro. Enfin - tom francês melodramático - todos os grandes génios têm os seus bloqueios...Eu, não sendo sequer génio, só tenho mesmo é bloqueios! Um grande génio, mesmo bloqueado, intui sempre como fazer.
Haverá grandes génios entre os meus queridos leitores? Não duvido. Desafio-vos, assim, a deixarem a vossa sugestão (anónima, nao importa) visando a implementação d'"A Fábrica dos Balões" e não a deixar fechar por falta de condições, ou mesmo de pessoal..ehehe

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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Mil folhas

Meus queridos leitores,
terminada a silly-season aqui estou eu novamente...

E já é Outono, outra vez, e eu já não sou a mesma. Pelo menos não sou a mesma que era em Setembro passado. Onde estaria eu em Setembro passado?? Feliz, provavelmente, com muito mais certezas e esperanças.


O meu querido amigo Gonçalo escreveu-me, uma vez, e, de entre diversos sábios conselhos, dizia-me que a vida é feita de decisões. Ora isto toda a gente sabe. Mas pouca gente tinha sintetizado a vida assim, de forma tão simples e tão certa. E é assustador ter consciência disso. É a condição humana e o livre arbítrio...Enfim, ao escolhermos uma coisa preterimos outra! Será que outra seria melhor? Todos os dias, a todas as horas, tomamos decisões, fazemos escolhas: vou por aqui ou por ali? Visto azul ou verde? Bebo água ou vinho? Aceito ou não aceito? Compro alto ou baixo? Bem passado ou mal passado? Vou dormir ou jogar? Vou ao Mac ou à Pans? Pinto de preto ou rosa? Sim ou não? Corto ou não corto? Fico ou não fico?

Mas há decisões que não se tomam todos os dias e muito menos a todas as horas... Como saber se tomámos a decisão certa? Será que nos vamos arrepender? Será que outra decisão nos faria mais feliz? Simplesmente,não sabemos. Faz parte do risco de viver não sabermos o que nos reserva o dia de amanhã. E ainda bem! Já me basta saber que o presente é feito de decisoes...
Mas deixem-me advertir-vos, benévolos leitores, de que nada acontece por acaso e lo que sera sera...

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sábado, 29 de maio de 2010

Season Finale

Set play and start reading



Estou há já algum tempo para fazer este post, mas é difícil escrever com os olhos turvos e têm sido dias muito intensos, com bênção e fitas, testes e trabalhos, último dia disto, último dia daquilo, confusões e muitas emoções. Mas aqui vai...

Recordo, como se fosse hoje, o dia em que entrei para aquela casa, a nossa "muy bela" academia, vulgo, melhor faculdade de direito do país.
Foi o primeiro dia de chuva após um verão solarengo...casamento molhado, casamento abençoado. Li numa das paredes "Aqui aprende-se a ser útil à pátria" e disseram-me que tinha "muito salero". Também me puseram umas orelhas de burro, de cartolina - I LOVE TERTULIA. Hoje percebo porquê.

Será mesmo o fim de tudo?
De aprendizagens partilhadas e de trocas, muitas trocas: trocas de folhas de teste, trocas de "cábulas", trocas de sorrisos, trocas de sala, trocas de curso, trocas de códigos, trocas de aulas, trocas de segredos e confissões, trocas de abraços, trocas de insultos, trocas de lágrimas, trocas de namorados, trocas de mensagens, trocas de telefonemas, trocas de apontamentos,trocas de cigarros, trocas de copos, trocas de fitas, trocas de roupa, trocas de casa, trocas de opinião e saber, trocas de amizade...

ok, agora substituam a palavra "trocas" por "permutas"... há que demonstrar algum conhecimento jurídico no meio disto tudo.

Será mesmo o fim de tudo?
Foram tantas alegrias, tantas desilusões, tantas surpresas inexplicáveis... tantos artigos sussurrados em exames, tantos Antónios e Bentos - os sujeitos jurídicos de sempre, tantas baldas porque "vá lá, hoje não vamos. Só hoje!", tantas baldas porque também precisamos de dormir, tantas baldas porque também temos vida além-faculdade, tantas humilhações que "esta é uma faculdade exigente", tanto choro, tanto riso...muito riso, tantos "alguém me sabe explicar o artigo lalala?", tantos pânicos, tantas noites ser dormir, tantas vezes por causa de festas, tantas eleições, tantas confusões, tantos regulamentos de avaliação, tantos telefonemas SOS às tantas da manhã na véspera de um teste, tanto desespero na secretaria (virtual também), tantas injustiças, tantos "de que é que o Prof. tá a falar??", tantos donuts e tantos "OLHÁ TORRADA!", tantos "oito de oral, oito final", tantos "vamos para a biblioteca? Não, bora antes para o bar!", tantos jantares de turma e galas e festas da cerveja, tantas lutas, tantas glórias...

E não pense mais em desistir
Existe um mundo que só quer te ver sorrir
Não chora,
A vida é feita mesmo para se aprender

Termino esta licenciatura com sérias dúvidas sobre a existência do Direito e da Justiça (agradeço aos Professores que alimentaram o meu espírito crítico e céptico), mas com a certeza do que é a Amizade e Cumplicidade. E hoje sou mais forte e mais livre.
Obrigada a todas as pessoas, que todos os dias, durante 5 anos, tornaram a minha experiência académica tão rica e que partilharam comigo momentos inesquecíveis.

O comboio da vida não pára e está na hora de partir para a próxima paragem: o mercado de trabalho... está tão mal cotado, este amigo! Durante 5 anos ouvimos horrores sobre ele...Será mesmo um temível adamastor?? Creio que não. Sigo, tranquila, para dobrar o cabo da boa esperança e sei que chegarei a bom porto.. Há um oceano à minha espera com dias de luta, dias de glória...

Será mesmo o fim de tudo?
Naaaaaa, isto está só a começar!

I survided FDL

sábado, 10 de abril de 2010

Choque Polaco

O Presidente da Polónia, Lech Kaczynski, e mais 96 pessoas, incluindo a sua mulher e vários outros altos responsáveis polacos morreram hoje, de manhã, na sequência de um acidente de aviação na Rússia.

Eu não sei, não sei... mas, para mim, este "acidente" tresanda a máfia russa!

E que coincidência: o destino do Presidente polaco era a cidade de Smolensk, onde participaria nas cerimónias fúnebres em memória das vítimas do massacre de Katyn, quando, em 1940, a polícia secreta soviética executou cerca de 20000 polacos, capturados pelo Exército Vermelho.

E adivinhem só quem vai liderar as investigações sobre a causa do acidente... Vladimir Putin, primeiro-ministro e ex-presidente russo! Pois...!


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domingo, 4 de abril de 2010

Doce Páscoa!

Hoje celebra-se o dia mais importante para a Igreja Católica. Celebra-se a Ressurreição de Jesus Cristo, após a sua crucificação.
Este dia de Páscoa é marcado pelo surgimento de sucessivos escândalos de abusos sexuais de menores por parte de clérigos em várias partes do globo. É tenebroso que estes homens se escudem na sua posição (espiritual e moral) de intermediários de Deus, para cometerem tais atrocidades. Certamente não era este o propósito de Jesus Cristo quando fundou a sua Igreja, alicerçada no apóstolo S. Pedro, primeiro Papa.

Sempre entendi que não preciso de intermediários para falar com Ele, e, se é omnipresente, também não deveria ter de ir a igreja para O visitar...
E porque é que não se permite que as mulheres sejam padres se homens e mulheres são iguais perante Deus??
A Igreja é, definitivamente, machista...não obstante a maioria dos seus fiéis sejam mulheres.

Cada vez me convenço mais de que a Igreja é uma entidade criada pelo Homem para os homens (sexo masculino), com políticas retrógradas com vista a aumentar o seu poder, muitas vezes pelo medo.
Volto a afirmar, eu acredito em Deus, mas não nesta Igreja.

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terça-feira, 16 de março de 2010

Pré-campanha

Todos os anos é a mesma coisa. Por esta altura (há já uns meses, na verdade), assiste-se à pré-campanha eleitoral das listas candidatas à AAFDL. Cartazezinhos, sitezinhos, fb groupzinhos, fins de semanazinhos, blogzinhos... o costume. Enfim, trata-se de veículos de fidelização perfeitamente normais, assim como o apoio (ainda que dissimulado, ou não) de partidos políticos ou ainda do papá (ou da mamã). Tudo bem.

O que me causa alguma estranheza é o facto de alguns candidatos, de algumas listas, serem membros da actual direcção. Não deveriam estar ocupados a exercer a sua actual função em vez de se ocuparem com possíveis futuras funções?? A forma como desempenham a sua actual função não deveria ser reflexo de como desempenharão possíveis futuras funções?? O bom senso só sugere uma resposta positiva.
E ainda nem estamos em campanha...


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domingo, 14 de março de 2010

Spring Breaking

Ahhh...tão bom, três dias seguidos de sol! Custa a acreditar que o S.Pedro nos tenha concedido tamanho benefício! Até parece Primavera! Esperem, e não é que é mesmo quase Primavera?? O equinócio é já no próximo domingo e a noite terá a mesma duração que o dia, ou seja, 12h. de sol! Adoro!

A primavera é um período de renovação biológica natural. É um novo ciclo que começa. Que tal aproveita-lo para dar uma renovada geral? É uma excelente altura para fazer uma limpeza às coisas ruins que afectam as nossas vidas e usar as boas energias para uma renovação pessoal. Temos de nos desfazer das coisas más para que a vida nos traga coisas boas, não há espaço para tudo. E refiro-me a tudo!

Peguem já num saco preto do lixo e comecem a pôr tralhas que empatam a vossa vida e nem se apercebem, doem as roupas que não vestem a quem realmente delas precisa (traz bom Karma), livrem-se de objectos inúteis que só impedem que a energia flua (principalmente se tiverem sido oferecidos por pessoas que vos são inúteis, de momento). Só uma atitude de renovação poderá trazer o Bom e o Novo... e entretanto reparo que estou a parecer aqueles profetas da verdaaaaade!lo0ol! São apenas sugestões..

À parte de tudo isto, mas nem tanto, e influenciada pelo mestre Woody Allen, um acaso muitas vezes não é um acaso, embora por vezes seja meramente isso. Assim, citando-o "whatever love you can get and give, whatever happiness you can filch or provide, every temporary mesure of grace...whatever works"


quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

f.ing fdl

Paradoxo assustador:

tanta Injustiça naquela faculdade de Direito


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sábado, 9 de janeiro de 2010

MADRID ME MATA!

El Canto Del Loco
Madrid

...
Voy a cantarte donde estés
como si fuera desde aquí
voy a cantar en la ciudad
que es tu ciudad si estoy aquí
lejos de mi hogar
y fácil de creer
Yo voy a cantarte a ti MADRID

Y no quiero olimpiadas
mis amigos juegan con las hadas
en los bosques donde plantan alas
Las estrellas que iluminan siempre
el cielo de MADRID

Pasar por las calles
las historias sin pena ni gloria
y se van tomar un vino
cuando llegan a su destino
hasta Antón Martín.
...
 
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