Deitou-se na chaise longue e desatou a soluçar. Grossas e copiosas lágrimas corriam, em fio, pelo seu rosto terminando no veludo verde escuro que forrava a poltrona. Aí, eram recolhidas por aquela esponja tão salgada quanto o Mar Morto, de tanto choro absorvido. Um silêncio inerte reinava, interrompido, apenas, a cada segundo, pelo tick-tack de um relógio branco na parede. Lá fora, um radioso e aconchegante sol de Maio, e o riso das crianças, ao longe, teimavam entrar pela janela. E soluçava, soluçava. Ouviu-se um telefone tocar, abafado, dentro da mala. Ouviu-se uma mensagem a chegar, abafada, dentro da mala. Por esta altura, o veludo verde mais lembrava a escuridão das paisagens de Goya tantas eram as manchas mais escuras de água salgada que jorravam daqueles olhos. Tomara que o tempo também escorresse àquela velocidade. Aqueles 45m. custam tanto a passar mas finalmente eram 17.15h. "Bom, então até para a semana!" - disse o psiquiatra.
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