quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Crónica - Rendez-vous

Quando ele entrou na carruagem, de imediato, reconheceu aquelas feições. Familiares, literalmente. Tinha um ar ainda mais pesado, ainda mais desgastado, ainda mais denso, impenetrável. Com efeito, não o via há já bastante tempo. A última vez tinha sido no Natal de 2002, ele tinha lhe levantado a mão e gritado para nunca mais lhe aparecer à frente... Assim o fez, mudando inclusivamente de cidade e afinal, é ele quem lhe aparece à frente. Mas ele não a viu. Ia concentrado nuns papéis quaisquer.

Mas seria possível? Encontrá-lo logo ali? Nesta altura? Quais as probabilidades?
Debatia-se nos seus pensamentos e memórias sem sequer pensar em agir e, quando deu por si, ele já tinha ido. Ainda apanhou as portas abertas, correu para a gare, agora já vazia, onde ecoou: Pai!!


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