quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Crónica - Rendez-vous

Quando ele entrou na carruagem, de imediato, reconheceu aquelas feições. Familiares, literalmente. Tinha um ar ainda mais pesado, ainda mais desgastado, ainda mais denso, impenetrável. Com efeito, não o via há já bastante tempo. A última vez tinha sido no Natal de 2002, ele tinha lhe levantado a mão e gritado para nunca mais lhe aparecer à frente... Assim o fez, mudando inclusivamente de cidade e afinal, é ele quem lhe aparece à frente. Mas ele não a viu. Ia concentrado nuns papéis quaisquer.

Mas seria possível? Encontrá-lo logo ali? Nesta altura? Quais as probabilidades?
Debatia-se nos seus pensamentos e memórias sem sequer pensar em agir e, quando deu por si, ele já tinha ido. Ainda apanhou as portas abertas, correu para a gare, agora já vazia, onde ecoou: Pai!!


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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Crónica/ True Story - 6º

De repente, a minha vista detém-se num sr. acamado, junto à janela, numas águas furtadas, na Sampaio Rodrigues. O casebre onde vive, mais parece ter sido construído no terraço daquele mamarracho, mesmo ao lado do hotel Excelsior. Vejam bem, com a janela aberta com este frio. Bom, se não tivesse a janela aberta também não o teria avistado, mas coitado, estão 6º lá fora! Se calhar deixaram-no assim, a ver se morre de frio, coitado. Vive uma pessoa uma vida de sofrimento para acabar assim, ao frio, coitado!
Mas esperem... Eis que ele se levanta... Não, não esperem! ELA! Afinal é uma "ela"! E, no seu robe azul, sem dificuldade, vai até à varanda, apaga o cigarro, volta para dentro, fecha a janela e torna a meter-se na cama! Ai ai ai ai ai!

Bom, enfim, para quê viver se não corrermos alguns riscos?

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