quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Crónica - O presente insuficiente

Nota introdutória - Meus amáveis leitores, devido ao facto da realidade não acompanhar a minha necessidade de escrita pretendo passar a escrever algumas short-stories fictícias. Assim, informo-vos de que pretendo escrever uma crónica semanalmente (não é uma promessa) e preferencialmente às quintas-feiras (não é uma promessa). Não será, então, anunciada nos veículos normais de comunicação como os outros posts...sei que vocês são fiéis, quinta-feira , aqui.

Era uma sexta-feira chuvosa de Novembro. Ela nem queria acreditar quando a secretária entrou com mais um maço de 7cm de altura, de relatórios. Passava pouco das 18h. Já passava pouco das 18h. E ele à espera. Conseguiu despachar todo o trabalho como melhor e mais rápido conseguiu mas mesmo assim já passava das 19.45h quando apagou a luz e fechou a porta do gabinete. E ele continuava à espera. Correu para o carro, ignorando as gotas grossas e frias de chuva no seu rosto bem maquilhado, agora esborratado.
A hora de ponta e o trânsito infernal, com os seus acidentes, buzinadelas, gestos ofensivos e pára-arranca, detiveram-na por bem mais de uma hora. Na rádio, os Pretenders cantavam I'll stand by you. E ele, triste, à espera, sem saber o que pensar.
Finalmente travou o carro, desligou o rádio e as luzes e, esticando o braço para o banco de trás, puxou um pacote embrulhado que acabaria por se ensopar na corrida, à chuva, que teve de fazer do carro até ao edifício . Subiu ao 8ºandar, tentando recompor-se no elevador. Bateu à porta, entrou, e ali estava ele, a um canto, com os olhos brilhantes de choro que logo se iluminaram quando a viram. Correu para ela... "Desculpa filhote...Parabéns!" - disse, estendendo o embrulho ensopado.

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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

"A Fábrica de Balões"

Questiona-se o caro leitor sobre o que andaria eu a fazer, em casa, pelas 17h... Pois não terei outro remédio senão responder, já que provoquei a questão. Ora, hoje, pelas 16.30h, encontrava-me no quintal, com todo o estaminé montado, determinada a terminar um quadro começado há, possivelmente, mais de um ano. Intitula-se "A Fábrica de Balões" e simplesmente não o consigo terminar. Podia muito bem chamar-se "O quadro interminável".

Tenho a sensação de que quanto mais o pinto, pior ele fica. A verdade é que, nas minhas pinturas, aplica-se rotundamente aquele princípio de alta-costura: nunca coloques a última coisa que queres colocar. Ou, no meu caso, nunca pintes a última coisa que pretendes pintar. Nos meus quadros abstractissímos, então, deveria ser lei fundamental!


Mas torna-se um pouco difícil saber que aquela é a última coisa a pintar, aliás, geralmente torna-se a última porque simplesmente acabo de estragar o quadro. Enfin - tom francês melodramático - todos os grandes génios têm os seus bloqueios...Eu, não sendo sequer génio, só tenho mesmo é bloqueios! Um grande génio, mesmo bloqueado, intui sempre como fazer.
Haverá grandes génios entre os meus queridos leitores? Não duvido. Desafio-vos, assim, a deixarem a vossa sugestão (anónima, nao importa) visando a implementação d'"A Fábrica dos Balões" e não a deixar fechar por falta de condições, ou mesmo de pessoal..ehehe

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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Mil folhas

Meus queridos leitores,
terminada a silly-season aqui estou eu novamente...

E já é Outono, outra vez, e eu já não sou a mesma. Pelo menos não sou a mesma que era em Setembro passado. Onde estaria eu em Setembro passado?? Feliz, provavelmente, com muito mais certezas e esperanças.


O meu querido amigo Gonçalo escreveu-me, uma vez, e, de entre diversos sábios conselhos, dizia-me que a vida é feita de decisões. Ora isto toda a gente sabe. Mas pouca gente tinha sintetizado a vida assim, de forma tão simples e tão certa. E é assustador ter consciência disso. É a condição humana e o livre arbítrio...Enfim, ao escolhermos uma coisa preterimos outra! Será que outra seria melhor? Todos os dias, a todas as horas, tomamos decisões, fazemos escolhas: vou por aqui ou por ali? Visto azul ou verde? Bebo água ou vinho? Aceito ou não aceito? Compro alto ou baixo? Bem passado ou mal passado? Vou dormir ou jogar? Vou ao Mac ou à Pans? Pinto de preto ou rosa? Sim ou não? Corto ou não corto? Fico ou não fico?

Mas há decisões que não se tomam todos os dias e muito menos a todas as horas... Como saber se tomámos a decisão certa? Será que nos vamos arrepender? Será que outra decisão nos faria mais feliz? Simplesmente,não sabemos. Faz parte do risco de viver não sabermos o que nos reserva o dia de amanhã. E ainda bem! Já me basta saber que o presente é feito de decisoes...
Mas deixem-me advertir-vos, benévolos leitores, de que nada acontece por acaso e lo que sera sera...

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